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"Para Vigo Me Voy": Documentário sobre Cacá Diegues Estreia em Cannes no Dia em que Cineasta Completaria 85 Anos

  • Foto do escritor: Névoa Filmes
    Névoa Filmes
  • há 3 dias
  • 3 min de leitura

Filme dirigido por Lirio Ferreira e Karen Harley homenageia um dos mestres do Cinema Novo e revela 60 anos da história do audiovisual brasileiro através da trajetória do diretor


Cena do filme 'Para Vigo Me Voy!'. — Foto: Divulgação
Cena do filme 'Para Vigo Me Voy!'. — Foto: Divulgação

Em uma coincidência carregada de simbolismo, o documentário "Para Vigo Me Voy", sobre a vida e obra de Cacá Diegues, teve sua estreia mundial no Festival de Cannes nesta segunda-feira (19), exatamente no dia em que o cineasta brasileiro, um dos mestres do Cinema Novo, completaria 85 anos. O filme, dirigido por Lirio Ferreira e Karen Harley, integra a seção Cannes Classics e representa o segundo longa brasileiro na seleção oficial desta edição do festival.


A escolha do documentário para a mostra não poderia ser mais apropriada. Como destacou o diretor-geral do festival, Thierry Fremaux, durante a apresentação do filme, Cacá Diegues mantinha uma relação histórica com Cannes, tendo participado do evento em 12 ocasiões ao longo de sua carreira: oito vezes como diretor (concorrendo três vezes à Palma de Ouro), três vezes como jurado e uma vez como produtor.


"Infelizmente, o Cacá não assistiu ao filme. Mas é uma alegria imensa, é muito emocionante toda essa trajetória e o filme ser lançado aqui no dia do aniversário dele", celebrou Karen Harley em declaração após a exibição. Lirio Ferreira complementou: "Onde ele estiver, eu acho que ele está muito feliz com essa estreia, com esse movimento todo de lançamento desse filme aqui."


O documentário, cujo título faz referência a uma expressão utilizada pelo personagem de José Wilker no filme cult "Bye Bye Brasil" (1980) – que também estreou em Cannes –, reúne imagens e depoimentos recentes do cineasta, falecido em fevereiro deste ano, além de trechos cronológicos de seus filmes e entrevistas concedidas ao longo de seis décadas de carreira.


Para Karen Harley, a referência no título sintetiza "todo o universo mágico do Cacá, extremamente lúdico, livre e alegre". Mas, como ressalta a codireção, a obra de Diegues também era essencialmente política: "Ele é um dos grandes pensadores do Brasil, além de cineasta e cronista. Ele lutava muito pela democracia no Brasil, por um cinema popular, por uma política de audiovisual e por um cinema no Brasil consistentes, (para) que o Brasil deixasse de viver de ciclos de cinema."


Cacá Diegues participou ativamente das filmagens de "Para Vigo Me Voy", concedendo entrevistas e abrindo o set de seu último filme, "Deus é Brasileiro 2", para a equipe do documentário. Ele deveria estar presente em Cannes para esta estreia mundial, mas faleceu antes de ver o filme concluído, deixando um legado inestimável para o cinema brasileiro.


Ao percorrer a trajetória de Diegues, o documentário acaba por revelar também as últimas seis décadas do cinema nacional, seus desafios, conquistas e transformações. Desde os tempos do Cinema Novo – movimento que buscava uma linguagem genuinamente brasileira e comprometida com questões sociais – até os dias atuais, a carreira do cineasta se confunde com a própria história do audiovisual no país.


Lirio Ferreira destaca que, além do talento artístico, Cacá deixa como legado sua "generosidade, intensidade e capacidade de renovação", características essenciais para enfrentar os desafios que o cinema brasileiro continua a encontrar: "A gente está realmente vivendo momentos em que os inimigos ainda são os mesmos de uma outra maneira. A gente tem que sempre estar alerta. E eu acho que o exemplo de Cacá é significante para tudo isso."


"Para Vigo Me Voy" concorre ao Olho de Ouro, prêmio de melhor documentário do Festival de Cannes, que se encerra no próximo dia 24 de maio. O outro longa brasileiro na seleção oficial, "O Agente Secreto", de Kleber Mendonça Filho, disputa a Palma de Ouro, principal prêmio do festival.


Para nós da Névoa Filmes, a estreia deste documentário em Cannes representa não apenas uma justa homenagem a um dos maiores nomes do cinema brasileiro, mas também um momento de reflexão sobre a importância de preservar e celebrar nossa memória audiovisual. Cacá Diegues foi um cineasta que soube equilibrar como poucos a dimensão artística e política do cinema, criando obras que dialogavam tanto com o público quanto com as questões mais urgentes de seu tempo.


Em um momento em que o cinema brasileiro vive um período de reconhecimento internacional, com presença marcante em festivais e premiações ao redor do mundo, revisitar a trajetória de um de seus mestres fundadores nos ajuda a compreender melhor o caminho percorrido e os desafios que ainda temos pela frente. O legado de Cacá Diegues, agora imortalizado neste documentário, continuará a inspirar novas gerações de cineastas brasileiros.



Fontes:

  • UOL: "Documentário sobre Cacá Diegues estreia em Cannes no dia em que cineasta completaria 85 anos", 20/05/2025

  • Festival de Cannes: "Programação oficial da seção Cannes Classics", 05/2025

  • RFI Brasil: "Entrevista com os diretores Lirio Ferreira e Karen Harley", 20/05/2025

 
 
 

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