“O Agente Secreto” Emociona Cannes: Filme Brasileiro Recebe 13 Minutos de Aplausos e Entra na Disputa pela Palma de Ouro
- Névoa Filmes
- há 4 dias
- 4 min de leitura
Com Wagner Moura no papel principal, produção de Kleber Mendonça Filho celebra momento histórico para o audiovisual nacional e reforça a presença brasileira no cenário internacional
O cinema brasileiro viveu um momento histórico neste domingo (18) durante o 78º Festival de Cannes, quando “O Agente Secreto”, dirigido por Kleber Mendonça Filho e estrelado por Wagner Moura, foi ovacionado por impressionantes 13 minutos após sua exibição na mostra competitiva. A recepção calorosa não apenas emocionou a equipe presente, mas também consolidou o filme como um dos favoritos na disputa pela cobiçada Palma de Ouro, principal prêmio do festival.
A celebração brasileira começou antes mesmo da exibição, quando o elenco e a equipe técnica chegaram ao tapete vermelho ao som de frevo pernambucano, trazendo a energia e a cultura do Brasil para o coração da Riviera Francesa. Entre os presentes estavam os atores Gabriel Leone, Maria Fernanda Cândido, Juliana Paes, Barbara Paz, Isabel Zuaa e o estreante Caio Venâncio, além da produtora Emilie Lesclaux e o próprio diretor. A comitiva foi acompanhada pela ministra da Cultura, Margareth Menezes, e pela secretária do Audiovisual, Joelma Gonzaga, reforçando o apoio institucional à produção nacional.
“O Marché du Film traz o Brasil como o país de honra. Isso pra nós é uma janela de oportunidade maravilhosa, chama a atenção para a produção brasileira”, destacou a ministra Margareth Menezes. “É um momento muito forte e aguardado. Com certeza muda a perspectiva e a expectativa da produção nacional em relação ao mundo. Estamos apostando muito, trabalhando arduamente para ir mais longe.”
O impacto do filme vai além da recepção calorosa. As primeiras críticas internacionais são extremamente positivas, com veículos como The Playlist concedendo nota máxima à produção e o Indiewire avaliando-a com aproximadamente 8 de 10. Wagner Moura já é mencionado por diversos críticos como forte candidato ao prêmio de Melhor Ator do festival, enquanto muitos especialistas afirmam ser “quase impossível” que a produção saia de Cannes sem ao menos um prêmio.
Ambientado no Brasil dos anos 1970, “O Agente Secreto” conta a história de um professor especialista em tecnologia que retorna a Recife, sua cidade natal, apenas para descobrir que está sendo espionado. Apesar do contexto histórico, Kleber Mendonça Filho faz questão de esclarecer que não se trata simplesmente de um filme sobre a ditadura militar: “O fato de ele passar em 1977 não faz do filme automaticamente e obrigatoriamente um filme sobre ditadura. O filme é um retrato histórico do Brasil.”
A produção, que é uma coprodução com Alemanha, Holanda e França, contou com recursos do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA), evidenciando a importância do apoio público ao setor cultural. “Fazer a cultura se expressar artisticamente faz parte do que uma nação significa”, afirmou Kleber em entrevista. “Fico muito feliz de ‘O Agente Secreto’ ser um filme brasileiro, mas realizado com dinheiro público, não só do Brasil, mas também da França, Alemanha e da Holanda.”
O sucesso de “O Agente Secreto” em Cannes surge em um momento particularmente significativo para o cinema brasileiro, que vem acumulando reconhecimentos internacionais. Em fevereiro deste ano, “O Último Azul”, de Gabriel Mascaro, conquistou o segundo lugar no Festival de Berlim, e poucas semanas depois, “Ainda Estou Aqui”, de Walter Salles, venceu o Oscar de Melhor Filme Internacional. Esta sequência de conquistas reforça a qualidade e a relevância da produção audiovisual brasileira no cenário global.
Paralelamente à exibição do filme, o Brasil também marcou presença em Cannes com eventos importantes, como a conferência “Com quem (co)produzir no Brasil?”, que reuniu produtoras e instituições de diferentes regiões do país para apresentar ao mercado internacional os múltiplos perfis do audiovisual brasileiro. O produtor Marco Altberg destacou o país como “vários Brasis em um só. É um país gigantesco, com vários biomas, culturas e histórias possíveis. E o cinema brasileiro pode oferecer essa diversidade de conteúdos que o mundo está buscando.”
Outro evento significativo foi o painel “Vozes da Maioria no Cinema: Os 54% Negros do Brasil Não Podem Esperar”, que reuniu artistas, produtores e representantes de organizações que atuam pelo fortalecimento da presença negra no audiovisual brasileiro. A atriz e produtora Camila Pitanga, embaixadora da ONU Mulheres, fez um apelo emocionado: “Eu quero o Brasil do Luiz Gama, da Carolina Maria de Jesus. Mais Antônios, Pitangas, Benedita da Silva. Nós existimos. É esse o cinema brasileiro que eu quero ver.”
Para nós da Névoa Filmes, acompanhar a trajetória de “O Agente Secreto” em Cannes é testemunhar um momento transformador para o cinema brasileiro. A ovação de 13 minutos não é apenas um reconhecimento ao talento de Kleber Mendonça Filho, Wagner Moura e toda a equipe envolvida, mas também uma celebração da capacidade do Brasil de produzir obras que dialogam com o mundo sem perder sua identidade e suas raízes.
A expectativa agora se volta para a cerimônia de premiação, que acontecerá no próximo sábado (24), quando saberemos se “O Agente Secreto” conseguirá trazer para o Brasil a tão sonhada Palma de Ouro. Independentemente do resultado, o filme já entrou para a história como um marco do audiovisual brasileiro e um símbolo do potencial criativo e artístico do nosso país.
Fontes:
• O Cafezinho: “Filme brasileiro emociona Cannes com 13 minutos de aplausos”, 19/05/2025
• CBN: “Aclamado em Cannes, ‘O Agente Secreto’ já aparece entre os favoritos a prêmios no festival”, 19/05/2025
• Brasil de Fato: “Filme brasileiro ‘O Agente Secreto’ é aplaudido de pé em sua estreia no Festival de Cannes”, 18/05/2025
Comments